Ela era apenas uma jovem cristã. Ela era apenas uma mulher alemã. Mas aquele não era apenas o fim... de uma guerra. No início do governo nazista, muitas daquelas famílias cristãs viram com bons olhos a nova política que prometia varrer a corrupção e a miséria do país, o que realmente foi acontecendo de forma admirável. O país, que antes estava com o rosto afundado na lama da miséria e da vergonha, sendo oprimido pelas nações que o derrotaram na primeira grande guerra, e sendo sondado pelo fantasma ateísta do comunismo, de repente, viu-se de pé novamente, como um Golias a fazer com que os inimigos tremessem com o som do seu brado. Aos seus quatorze anos de idade, a jovem Ana, com seus profundos olhos azuis, ainda não conseguia enxergar o panorama político do seu país com clareza, mas ela sabia que aquele governo que colocara a Alemanha novamente de pé, resgatando-a do mar de lama onde chafurdava, aos poucos, foi destituindo as famílias de suas colegas judias, com as quais estudava, de todos os seus direitos e privilégios políticos e financeiros. Ela não compreendia exatamente o que estava acontecendo, só o que sabia é que o governo insistia em afirmar que os judeus eram uns dos causadores do sofrimento alemão e que era preciso resgatar a soberania alemã na Alemanha, pois a Alemanha pertencia aos alemães.