Na Antiguidade o Tríptico era um códice composto por três placas esculpidas com uma espécie de objeto cortante, como um estilete. Nas artes plásticas é uma moldura central e fixa que se liga a outras duas laterais; essas se tornam dependentes, porque um Tríptico exige uma relação de elo. Ou melhor, a sua singularidade se constrói na dobra.

A moldura de Ana Paula El-Jaick esculpe um projeto baseado no triplo, para além das dicotomias delimitadoras. Seu texto cria um jogo de retroalimentação e recursividade, no qual somos convidados a mirar como um códice lapidado pelas gravuras de palavras. O corpo flexiona-se na dobra e o acontecimento é a linha do intangível.

Sua série textual dialoga com o conjunto de três desenhos feitos pela artista plástica Nikoleta Kerinska. Como uma força trina, o livro se multiplica em ação e desejo também com a sua performance não verbal. O encontro se estabelece sempre no outro, que não é duplo, mas uma distinta face desse trilátero.