Todo Homem Naufraga caracteriza-se justamente por uma indecisão entre os formatos. Por vezes, o texto assume um formato que remete mais ao conto; em certos momentos, parece que estamos diante de um ensaio; em outros, de uma poesia. Ou de nada disso. Eu de tudo isso. Não há um registro único dando unidade ao livro. A linguagem, como os personagens do livro, também naufraga. Segundo Sant’Anna, “em cada conto, há uma linguagem que só poderia estar inserida naquele conto específico, naquele personagem específico, naquela ideia específica. A pontuação deixa de ser um pequeno conjunto de regras inquestionáveis, para ser ferramenta da linguagem, campo de experimentação, métrica musical, montagem cinematográfica”. No entanto, se de um lado, Todo Homem Naufraga traz a variedade estilística como proposta, de outro há uma unidade temática e temas como gênero, masculinidade, feminilidade, amor e condição humana são recorrentes no livro.