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Se eu dobrasse seu nome diversas vezes sobre a minha língua faria de cada dobradiça seu corpo presente.
Sem nenhuma pretensão de passar por cima do caráter próprio da poesia ou sugerir qualquer hierarquia tola entre os gêneros, mas ousando numa comparação singela, pode-se dizer que Titubeio é uma espécie lírica de romance de formação. Cambaleante, que não consegue se manter de pé, incerto, hesitante, vacilante, titubeante, é como o corpo do “eu” e da poesia se apresentam, ora como respiro, batimentos cardíacos, pressão arterial, oscilações oculares e outros movimentos fisiológicos; ora como plantas, cujas raízes vasculham um solo procurando firmeza, como rios que buscam o caminho para desaguar no mar. Essas duas naturezas do corpo desenham nele o próprio mapa do mundo ou da aventura que o “eu” deseja. Esse mundo seria um espaço aberto, um cosmos, o próprio céu, o mar, uma nebulosa, um buraco negro, as constelações, um deserto, a Via Láctea, um mundo enorme nas possibilidades e no desconhecido. Mesmo titubeante, o “eu” não desiste, gira, cirandeia, mas avança nesse desconhecido campo estelar de braços abertos.
A segunda parte, Observações astronômicas, é a experiência do desejo e da descoberta amorosa do outro e de si mesmo que “eu”, finalmente, vive por aqueles ansiados caminhos dos rios, das linhas do corpo e dos versos, do deserto, das notas de uma sinfonia, das fases da lua. Maitê Rosa torna possível a experiência impossível do “eu” pequeno, vacilante, irrisório num cosmos estrelado enorme e misterioso.
Depois de se atirar ao mar e vivenciar seus segredos, em “Maré baixa”, a terceira parte, a poeta nos mostra como em toda experiência, mesmo sendo ela a mais ínfima e delirada, ou mesmo sendo o sujeito o mais improvável e insignificante, o “eu” se transforma. Assim como no romance em que o herói, passado o clímax da provação, olha para si mesmo e se vê outro, o “eu” nos leva a olhar de novo o céu, a frequência da respiração, o barulho da rua, o beijo aprendido e ver o que mudou, se foi o mundo ou se foi ele mesmo.
Com a maré baixa para redescobrir o resultado da aventura, na última parte a autora nos convida para uma conversa interna. Não mais o mundo é vasculhado, mas o próprio “eu”, num balanço do passado, para descobrir quando e onde começaria o novo.
Titubeio é uma belíssima experiência de como a poesia nos permite, desde adentrar o mar e esquadrinhar as estrelas a elaborar a potência de todas as experiências que habitam dentro de nós.
Gabriela Lopes de Azevedo
Nome
TITUBEIO
CodBarra
9786587076096
Segmento
Literatura e Ficção
Encadernação
Brochura
Idioma
Português
Data Lançamento
20/08/2020
Páginas
62
Peso
124,00
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