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“Havíamos deixado salas de aula, bancos de escola e mesas de trabalho e, em breves semanas de treinamento, estávamos fundidos em um grande e entusiasmado corpo. Crescidos em uma época de segurança, todos sentíamos a nostalgia do incomum, do grande perigo.” Foi assim, com entusiasmo juvenil, que Ernst Jünger (1895-1998) partiu da Alemanha para o front francês da Primeira Guerra Mundial. A experiência nas trincheiras desse premiado autor alemão é o tema do Tempestades de aço, um dos mais conhecidos relatos sobre o conflito, traduzido por Marcelo Backes, também responsável pelas notas e o posfácio.
Ao contrário de boa parte dos livros de temática bélica, o relato de Jünger não carrega traço algum de pacifismo ou vitimização. A guerra, em sua visão, é o terreno da bravura e da masculinidade, um rito inerente ao ser humano e que beira o espetáculo. Nos momentos mais renhidos da luta, Jünger se diz “tomado por duas sensações violentas: a excitação selvagem do caçador e o medo terrível da caça”.
O autor tinha 19 anos quando chegou à França e sua permanência se encerrou na maturidade dos 23, passando de cadete a tenente. Tempestades de aço foi publicado logo depois, em 1920, o que possibilitou, com ajuda de anotações feitas no calor da hora, um testemunho minucioso da vivência nas trincheiras, em luta contra franceses e ingleses. O impacto do livro foi imediato, tanto na Alemanha quanto internacionalmente, graças à descrição desassombrada dos combates, apenas com momentos isolados de lirismo ou horror. Cabe lembrar que Jünger foi catorze vezes ferido durante a guerra.
No prefácio de uma edição posterior de Tempestades de aço, o autor chegou a classificar a guerra como “um aprendizado incomparável do coração”. Em outro texto, asseverou que “na guerra, considerações morais não devem orientar nenhum movimento”. Não é de espantar, portanto, que Tempestades de aço possa ser lido como um thriller de pura ação, com narrações emocionantes como a da lendária batalha do Somme. A maestria da escrita do autor levou o escritor francês André Gide a considerar a obra como “o melhor livro de guerra que já li”. Rendeu também o reconhecimento do argentino Jorge Luis Borges que, em 1982, fez questão de viajar até Wilflingen, no sul da Alemanha, onde o então octogenário Jünger morava, para cumprimentá-lo e testemunhar-lhe sua admiração.
Na visão de Jünger, as tropas estacionadas em diversas aldeias francesas erguem cenários admiráveis de construções em superfície e galerias subterrâneas. O soldado admira o conforto obtido por refeições saborosas e simulacros de casa erguidas nas valas, com teto, paredes, escadas e cômodos, entre eles salas de estar e escritórios. Particularmente sedutores são os momentos vividos numa improvisada, mas cuidadosamente erguida escola de oficiais. Jünger em vários momentos se refere ao aconchego e à comida saborosa de vários de seus dias – as noites, ao contrário, são de trocas de granadas e foguetes que explodem em estilhaços mortais. O jovem testemunha pela primeira vez, acusando o choque medonho, a presença da mutilação e da morte.
O autor lamenta acima de tudo as inovações trazidas pela Primeira Guerra – as trincheiras em lugar do combate campal, homem a homem, além da mecanização das armas e o advento do gás letal e dos projéteis de fragmentação, tornando o conflito muito mais mortífero do que os anteriores, com a catástrofe estendida às populações civis. Jünger, que também foi autor de ensaios filosóficos durante sua longa vida, vê tais mudanças como prolongamentos das novas configurações sociais e econômicas de um mundo em processo acelerado de modernização, que, na visão do autor, transformava os homens em máquinas.
Nome
TEMPESTADES DE AÇO
CodBarra
9786554610629
Segmento
Literatura e Ficção
Encadernação
Capa dura
Idioma
Português
Data Lançamento
23/04/2024
Páginas
328
Peso
490,00
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