Segundo livro de Ângela, depois de “Sendas no silêncio”, de 2014, a poética de “Teatro das sombras” dialoga com o gênero teatral e coloca em drama as sombras subjetivas do eu-lírico, dos leitores e dos acontecimentos sombrios e ou luminosos que atravessam a cena contemporânea.
O poeta Mário Alex que assina a orelha observa que “neste segundo livro de Ângela Vieira Campos, Teatro das sombras, observa-se a severidade da linguagem, sua aspereza mesmo, certamente advinda do propósito de conhecer e expor a fundo os momentos mais carregados e graves da experiência. E não faltam à autora recursos capazes de iluminar esses aspectos tanto recônditos quanto dramáticos. A poesia de alguns poetas necessita dessa descida aos “infernos” para dali emergir em linguagem. Em Ângela, essa depuração é acompanhada ainda por um uso acentuado de assonâncias e aliterações, sobretudo no “Primeiro ato” do livro. Essa parte inicial parece regida por um ritmo que alucina e carrega o leitor, transformado em autêntico cúmplice. Por meio da justaposição de ritmos e imagens dissonantes, de tensões entre a configuração tradicional do verso e elementos prosaicos, descortinam-se lembranças doídas de um sujeito ao mesmo tempo ensimesmado e aberto ao mundo ao seu redor."