“Sombra e Pergunta” reúne textos do autor que reflete sobre o movimento surrealista por meio de suas práticas libertárias e destaca a atuação de coletivos em atividade ao redor do mundo. “O surrealismo em sua atualidade é uma questão aberta a todos aqueles que ardem de impaciência de viver de outra forma, nem que seja apenas para melhor compreender que o maravilhoso não poderá se reduzir às raras coleções de brevíssimos instantes perfurantes da monotonia do tecido social”, escreve Guy Girard em Sombra e Pergunta, lançamento da edições 100/cabeças com tradução de Alexandre Barbosa de Souza. “Onde houver sombras, haverá perguntas. As respostas? O leitor encontrará algumas delas nesta obra, explorando a floresta negra que é a aventura surrealista, cuja exteriorização parte do coração e se manifesta no olhar selvagem, em sua revolta e exaltação permanentemente insubordinada”, escreve Alex Januário na quarta capa do livro. Os textos de Girard presentes nesta publicação refletem sobre o estado da sociedade e abordam a atualidade e a potência do surrealismo em uma série de textos, “todos tecidos com essa deliciosa mescla de revolta, desejo, utopia libertária, poesia e ironia sarcástica que singulariza seu estilo”, observa Michael Löwy no prefácio desta edição. Girard propõe um alargamento da percepção sobre o potencial latente do surrealismo nos dias atuais, onde ele é observado como “projeto utópico, portanto, grande abertura ao vento da revolta e da imaginação e não fechado no estupor dos museus e das bibliotecas” e ressalta não se tratar de uma pesquisa estética, uma vez que “suas criações se pretendem tanto armadilhas e atos de sabotagem mental diante do entendimento comum, quanto provas que testemunhem explorações de zonas mais obscuras do psiquismo humano.” “Reconhecer essa potência lírica e ativá-la, não como resultado de uma obra literária ou artística, mas para propor seu uso a quem quiser apreciá-la, em uma troca lúdica transbordante da vida cotidiana através das magias subversivas da vida real, eis o que propõe o surrealismo desde 1924.”