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Nunca sei se estou à altura de escrever a orelha ou o prefácio de um livro, desconheço as fórmulas por rebeldia; ou talvez seja culpa, de fato, da astrologia. Decifrar os corpos celestes, nomear pouquíssimos poemas e convidar Martin a se juntar a nós é sobre como acender pavios sem que ao menos seja preciso riscar os fósforos. Folhear a página é o gesto que incendeia.
Foi pelo fogo que o ser humano sentiu pela primeira vez o poder de controlar algo na natureza, essa energia natural obtida intencionalmente serviu para a vida e a destruição. Alexandria, a grande biblioteca, incendiada por invasores que pelo poder lamberam as labaredas pisoteando não só corpos como também livros – memória pulsante de uma nação. Hectares de árvores centenárias em fuligem à medida que fazendeiros corpulentos se banham em dinheiro, esfomeados feito gados arrebanhados no deserto. Na contramão, Carolina traz em seu livro incêndios que remetem a uma busca pelas suas origens, ancestralidade, cura, desejo de amar e falar ao mundo sobre as fotografias do céu. Destruir para construir.
Perceba que quando um livro desses vem às mãos, é preciso:
Arregalar os olhos, até que eles saiam de órbita. Beber Cantina da Serra e perder um maço entre confusões. Contar a palavra “fogo”, multiplicar por dois e escrever o numeral na horizontal no item abaixo.
Coragem. É preciso coragem para palmilhar o chão dessa América que silencia atabaques, onde meteoros transpassam as retinas das crianças suburbanas, é preciso coragem para ser a poeta que a Carolina é, quando seu corpo preto feminino/no papel dilacerado em versos pontilha a voz em flecha direto em meu peito, no seu peito, até que projetemos a voz, uníssonos, junto ao dela. Seus versos curtos que cabem na palma da mão celebram a existência desde os vulcões até as faíscas, dos oceanos até os suores, da poeira até as ruínas e do poema até um fosforozinho. Ou seja, a brevidade do poema indica o quanto o tempo é elástico, pois com pouquíssimos versos a poeta me leva à história dela, à minha história, até chegar à sua feito um fio condutor. Um pouco de gêmeos, um pouco de escorpião e aos poucos, ingenuamente, decifro (como se fosse alguém experiente em quiromancia) as linhas que contornam as palavras usadas pela poeta, essa ser mística estrelada, da mesma pele cor noturna de sua mãe. Valeska Torres
Nome
SOBRE COMO ACENDER PAVIOS
CodBarra
9786587076584
Segmento
Literatura e Ficção
Encadernação
Brochura
Idioma
Português
Data Lançamento
11/12/2020
Páginas
60
Peso
120,00
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