Em sequência à análise e à cartografia das formas e modalidades de subjetivação contemporâneas, este quinto volume da coleção do Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos se dedica à genealogia, às manifestações, aos usos e à regulação das sexualidades nas sociedades ocidentais. Ao tomar como base de investigação a construção da ciência sexual, cuja produção de discursos e de verdades sobre o sexo se apoiou em instituições religiosas, médicas, pedagógicas e jurídicas, levando os indivíduos a se reconhecer como sujeitos de sua própria sexualidade, os textos aqui reunidos abordam diversos temas em suas aproximações e em seus afastamentos em relação à psicanálise.

Entre esses temas, destacam-se a proximidade do discurso freudiano de uma arte erótica; a multiplicidade sexual como expressão da singularidade da produção desejante; a homoparentalidade e suas repercussões culturais e simbólicas; as novas tecnologias reprodutivas e seus efeitos sobre a filiação e o parentesco; a sobrevalorização dos hormônios no universo feminino; os impasses do combate à pedofilia; e as continuidades e rupturas hoje observadas nos dispositivos da sexualidade inventariados por Michel Foucault.

Trata-se, portanto, de contribuições que não só fornecem importantes operadores de leitura para as formas pelas quais as sexualidades têm sido experimentadas no encontro ou no solilóquio dos corpos, como também permitem interrogar as soluções de compromisso e os enigmas fecundos que têm sido apropriados pela clínica e pela teoria psicanalíticas desde a ininterrupta elaboração de Freud acerca do sexo e da morte.