O título – sugerido pelo famoso oximoro do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade – dá conta do pretendido em Sergio Camargo: claro enigma. Tanto a exposição quanto o catálogo, que agora é lançado, concebidos para lembrar os oitenta anos de nascimento e vinte anos de morte do artista, buscam expressar o confronto entre luz e matéria na obra de Camargo, responsável por um capítulo inovador e vigoroso da arte contemporânea no Brasil.

Entre as esculturas e relevos, foram reunidos desenhos, croquis, anotações e fotografias, num conjunto significativo, desde as obras mais expressivas realizadas nos anos 1960 até alguns de seus últimos trabalhos.

“Poucas obras apresentam de maneira tão clara o seu sistema e o expõem coerentemente ao longo de uma trajetória de quarenta anos. Camargo foi mesmo um precursor ao fazer da obra o próprio sistema, levando-o até o seu limite material e formal. Esse caráter singular e surpreendente do trabalho, work in progress experimental, exige e propicia a realização de novas leituras e sentidos, estimulando a reflexão crítica sobre as relações entre modernidade e contemporaneidade, retomando aspectos do passado e verificando-os, renovados, no presente. [...] Uma obra que se faz dessa maneira a rigor não tem princípio nem fim; podemos entendê-la de modo livre e articulado, desobedecendo a qualquer sentido evolutivo ou cronologia.”

Trecho do texto do curador da mostra, Paulo Venâncio Filho, para o catálogo