Em 2018, Felipe Rigoni foi a maior surpresa política do Espírito Santo. Aos 27 anos, sem nunca ter exercido um cargo eletivo, recebeu 84.405 votos, tornando-se o segundo deputado federal mais votado do estado e a primeira pessoa cega a ser eleita para o Congresso Nacional. A campanha vitoriosa carrega a ousadia e o pioneirismo que marcam sua trajetória.

Diagnosticado aos 6 anos com uma doença degenerativa nos olhos, ele teve de superar as limitações impostas pela progressiva cegueira — que se tornaria total aos 15 anos — e se especializou em quebrar barreiras. Convenceu os pais de que deveria cursar a faculdade de engenharia de produção em outro estado, longe da proteção familiar, e se tornou o primeiro cego a estudar em tempo integral na Universidade Federal de Ouro Preto. Para aprimorar o inglês, fez um intercâmbio nos Estados Unidos, onde teve que se desdobrar para se locomover.

Depois de três anos de uma promissora carreira de coach, decidiu “estudar para ser um bom político” e fez um mestrado em políticas públicas na Universidade de Oxford. Como trabalho de conclusão de curso, apresentou sua campanha a deputado federal. A cada passo, ele travava uma batalha íntima com um sentimento constante. “O medo está presente em quase tudo o que faço, até hoje. Não enxergar assusta. Só tem uma coisa que é um tiquinho maior do que o medo na minha vida: a vontade de evoluir, de dar certo.”

Em Sempre uma escolha, Felipe Rigoni descreve o sofrimento e o desafio de aprender a viver com a cegueira, mas também compartilha uma visão de mundo otimista e empreendedora. Apesar das frustrações com as mesquinharias da política, Rigoni manifesta sua esperança no Brasil. Diante das muitas adversidades, ele relembra o conselho de seu pai: sempre podemos adotar uma atitude positiva frente às situações mais difíceis.