Uma mulher casada, Lis, e um homem solteiro, Herbert, apaixonam-se no final dos anos 60, início dos anos 70, vivendo esse amor clandestinamente. A história é interrompida pela moral vigente na época, e pela vida familiar de Lis que vê, no amor que sente pela sua única filha, a impossibilidade de romper o casamento. E é justamente essa filha, Liciane, que, trinta anos mais tarde, serve como elo entre aquele passado e o presente, quando encontra – durante a doença grave da mãe – uma velha caixa de charutos com lembranças e cartas trocadas pelos amantes. Isso faz com que a trama central de Segredo e Fim – Um romance de amor, clandestinidades e abandonos – aparente ser apenas mais uma história de amor.

Pela imaginação de Roberto Schultz, porém, o amor nem sempre se mostra das maneiras óbvias e convencionais que conhecemos. O mesmo acontece com as relações clandestinas e os abandonos. Tudo pode ser questionado, nenhum personagem é politicamente correto. São pessoas de verdade. Cada capítulo é quase uma história independente com início, meio e fim. E inúmeros personagens do Brasil inteiro que se entrecruzam e que vão surgindo, todos de alguma forma grudados pelo amor de Lis e Herbert.

Liciane, a mulher que deseja aprender a amar. Pedro, o irmão dela, mau-caráter e de profissão obscura, tentando paralelamente descobrir se Herbert é o seu verdadeiro pai. Ernesto, um ceramista temperamental e apaixonado, cujo grande ídolo é Astor Piazzolla. O árabe devotado à filha e procurando uma mãe e um amor para ela. O negro Antônio Pilar, que foi palhaço na juventude e que hoje é um homem bonito e sofisticado, mas frio e violento. Dagomir, o médico nordestino de origem holandesa e suas tramóias com o gás natural. Prostitutas; picaretas nacionais e vigaristas estrangeiros; evangélicos; gente simples do povo; mulheres desprezadas; assassinos. Uma miscelânea.