Sobre Réquiem, poema de origem e lugar de nascimento e ancestralidade, paira a visão da infância guardada pela memória: navios perdidos, lagoas, trapiches, o soprar do vento, um estaleiro apodrecido, o martelar das vagas, peixes e caranguejos, pássaros marinhos, mangues e as águas negras dos maceiós. Obra de perda e de despedida, em que a celebração de um amor levado pela morte antecipa novo silêncio, seus versos longos se desdobram como as ondas do mar alagoano e, em seu movimento, previnem o repouso eterno.

Música e imagem se fundem, portanto, para exprimir uma reflexão sobre o sentido da existência, da qual a série de pinturas de Gonçalo Ivo, feitas sob os efeitos de sua leitura, não é comentário ou simples ilustração. Nas 18 peças dessa série, forma, cor e matéria constituem, em sua esplêndida unidade, o texto pictórico do poema; o poema escrito numa outra linguagem, cuja matéria visual estabelece ritmo próprio e se põe a dialogar com sons e sentidos do poema paterno, e também com os traços do poeta retratados por Gianguido Bonfanti.

Da edição sessenta exemplares foram encadernados e revestidos com tecido, assinados e numerados de I a X e, em seguida, de 1 a 50, sendo acondicionados em uma caixa feita a mão sendo acompanhados de gravura única de Gonçalo Ivo no formato 15 x 23 cm, impressa sobre papel Hahnemulle 300 g/m2.