Os mistérios da criatividade, a aceitação do implacável tempo, os paradoxos da civilização, as variadas consciências transitando em tristes atmosferas ou em espaços iluminados são "reflexos" somados a muitos outros, intuídos durante a contemplação de geniais projetos e obras de Oscar Niemeyer, e lapidados pelo autor deste livro.
Repletos de incômodas reflexões, muitas vezes dolorosas, porém sempre evidentes e amparadas por belíssimos enredos, esses ensaios ficcionais deverão interessar ao leitor contemporâneo, pois através de fluente leitura ele poderá se encontrar, de frente, com aquelas verdades expostas totalmente nuas, que por comodismo ou constrangimento evitamos olhar.

O autor destes ensaios ficcionais, ou reflexos como ele prefere, é sobretudo um jogador. Seu condicionamento intelectual jogou idéias contra idéias em Sob o Fascínio do Pôquer, livro marcante, onde utilizou a dramaturgia do jogo para formular pesadas questões existenciais. Agora sua âncora foi transferida. Através da beleza arquitetural encontrada em projetos e obras de Oscar Niemeyer formulou, sob outros ângulos, conflitos insolúveis e provocadores. Fundindo análise e imaginação criou personagens sem nome, sobre os quais pesam enormes cargas da condição humana. E para tecer os enredos escolheu sete obras de extraordinária qualidade arquitetônica, produzidas pela genialidade de Oscar Niemeyer, com aquela angústia imemorial formulada por Heidegger e realçada por Albert Camus. É sabido e exaustivamente repetido que o conto é um gênero difícil. Se isso é verdade, o que então se deve creditar a ensaios ficcionais? Com muita segurança editorial afirmo que um desafio literário neste livro foi superado. E que os conceitos de imagem e idéia descritos por Sartre invocando Leibniz, foram integrados, criando pontos de interesse capazes de proporcionar momentos intimistas conscientes, belos, profundos...