A piauí teve acesso a todas as mensagens trocadas no Telegram por Deltan Dallagnol, o procurador da Lava Jato, durante um período de quase cinco anos. O material faz parte do acervo da Operação Spoofing, deflagrada pela Polícia Federal em 2019. O volume total – 952 754 mensagens, todas lidas por uma equipe de seis repórteres durante cinco meses – traça um retrato didático das táticas e motivações do procurador ao longo da apuração que sacudiu o Brasil (O messiânico, de João Batista Jr. e outros).

Outra reportagem de fôlego mostra como a Fundação Getulio Vargas (FGV), uma das mais conceituadas instituições de ensino e pesquisa do país, conseguiu travar investigações de corrupção sobre seus diretores – e os investigadores passaram à condição de investigados (“Um poder político extraordinário”, de Allan de Abreu).

De Quito, a jornalista Mónica Almeida escreve uma reportagem mostrando como se construiu a tragédia atual do Equador, uma democracia que tenta resistir ao assédio violento de 22 facções criminosas (A guerra do Equador).

Emily Almeida e Tiago Coelho acompanharam a visita de Angela Davis ao Brasil e descrevem a principal bandeira da pensadora e ativista americana: o abolicionismo penal, como se denomina o movimento que luta pela extinção das cadeias no mundo (Uma abolicionista no Brasil).

Fernando de Barros e Silva faz uma breve genealogia do golpismo verde e amarelo, à luz dos desdobramentos recentes das investigações da Polícia Federal, que, finalmente, chegaram à cúpula dos militares (8/2/24). E Vladimir Safatle escreve uma tréplica no debate sobre os laços entre ressentimento e extrema direita (Mais real que o ressentimento).

Em um conjunto sobre futebol, João Moreira Salles escreve sobre a angústia, a alegria e o enigma que é torcer para o Botafogo (O que eu tenho a ver com tudo isso) e o artista plástico Midi exibe onze pinturas que entrelaçam sua vida e suas memórias com a magia de uma bola rolando sobre um gramado (Multitelas do futebol).

E ainda:

- As histórias em torno do clássico da crítica literária brasileira, de Antonio Candido, por Ana Luisa Escorel.
- Um trecho do livro Marca d’água: um ensaio sobre Veneza, de Joseph Brodsky, a ser lançado pela editora Âyiné.
- Os poemas de Felipe Fortuna que dão voz a Yorick, o dono do crânio que Hamlet segura na tragédia de Shakespeare.
- Duas bruxas no conto inédito de Quito Ribeiro.
- E como Mickey Mouse, o de 1928, anda à solta por aí, por Armando Antenore.


Boa leitura.


André Petry
Diretor de redação