Nesta primeira edição do ano, a piauí traz dois retratos do descalabro nacional - um na educação, outro na saúde - que afeta as famílias mais pobres. Luigi Mazza visitou uma escola pública em Rio Branco, no Acre, onde estão reunidas as mazelas da pobreza, da pandemia e da violência (Fogo cruzado). Solano Nascimento também foi ao Norte para fazer um balanço do Mais Médicos e descobriu que o desmonte do programa custou a vida de crianças brasileiras de menos de s anos de idade (Os pequenos que se foram).

Como neste ano eleitoral de 2022 é essencial entender o jogo das forças políticas, Caio Pompeia escreveu um artigo didático, no qual explica os múltiplos interesses do agronegócio e mostra que, ao contrário do que parece, fazendeiros e pecuaristas não são unânimes no apoio ao governo de Jair Bolsonaro (O agrobolsonarismo).

No campo dos preconceitos, a piauí traz dois textos focados em experiências pessoais que traduzem uma realidade coletiva: o depoimento de um brasileiro (o ator Marco Pigossi) sobre a jornada para assumir publicamente sua sexualidade (Eu me sinto invencível, em depoimento a João Batista Jr.) e o percurso de uma mulher (que chamamos de "Mariana") para conseguir fazer um aborto legal - em Bogotá, na Colômbia (Em nome da mãe, de Meg Weeks).

Daniela Arbex antecipa para a piauí um capítulo de seu novo livro, Arrastados - Bastidores de uma Tragédia Anunciada, no qual descreve o que aconteceu minutos antes e minutos depois do rompimento da barragem de Brumadinho, que matou 270 pessoas (Quando a terra tremeu).

E, num conjunto de leituras mais amenas, Russell Shorto descreve o papel fundamental de Johanna Bonger, a cunhada de Vincent van Gogh que abriu os olhos do mundo para a genialidade do pintor (A mulher que forjou Van Gogh), e Felipe Charbel conta as imbricações entre a obra do australiano Gerald Murnane e a sua própria vida (Algo para minha dor).

A revista traz ainda um conto de Waldson Souza (Memória corrompida), poemas de João Bandeira (Por qual via, se é que sim, agora transita) e o divertido texto de Fred Melo Paiva, que, com humor impagável, festeja o fim do longo e doloroso jejum do Atlético Mineiro, que há meio século não vencia o Campeonato Brasileiro (Até nunca mais, corvo pousado no umbral!).

Boa leitura e um feliz 2022!

André Petry

Diretor de redação