A piauí de junho apresenta duas peças robustas sobre economia. A primeira reconstitui a trajetória do ministro Paulo Guedes no governo, sua relação com o presidente Jair Bolsonaro e os motivos que o levaram a se apegar ao cargo (“Sou eu aqui”, de Ana Clara Costa). A segunda é uma reflexão sobre o impacto dos pacotes econômicos propostos pelo governo de Joe Biden que provocaram otimismo nos círculos da esquerda ao oferecer uma opção ao neoliberalismo (A volta da alternativa, de Roberto Andrés).

Na política, contamos como governo e Congresso se uniram na cegueira estatística para inviabilizar a realização do Censo Demográfico neste ano (“Certo perdeste o senso!”, de Bruno Carazza) e relatamos o impacto que a vida pública – a campanha, a vitória eleitoral e a gestão municipal – teve sobre o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (Chega de pá, pá, pá, de Karla Monteiro).

Em dois textos, falamos da vida e da obra de brasileiros marcantes: o grande intelectual Alfredo Bosi, que morreu em abril (Crítica com alma, de Pedro Meira Monteiro), e o pintor Alberto da Veiga Guignard, que acaba de ganhar uma nova biografia (O tombamento de Guignard, de Marcelo Bortoloti).

Quanto à pandemia, temos o diário do jornalista indiano Tejas Harad, de Hyderabad, que narra a devastação que a Covid-19 está provocando em seu país, onde os nacionalistas recomendam urina de vaca para combater o vírus, numa prova de que a direita de cada lugar usa a cloroquina que tem (Mais medo dos mortos que dos vivos). Como nos aproximamos da trágica marca de 500 mil mortos pela Covid-19, a piauí convidou o artista Will Barcellos para prestar uma homenagem às vítimas. Barcellos desenhou 500 mil pontos, que percorrem todas as páginas da edição. Uma parte do seu trabalho pode ser visto em vídeo no site da piauí.

Para terminar com nota alta, trazemos: uma celebração de Caetano W. Galindo pelos 80 anos da notável pianista argentina Martha Argerich (Imagine Martha), oito contos de Adam Ehrlich Sachs que tratam de pais e filhos (Transtornos hereditários), a ficção provocativa de Jarid Arraes (Recheio) e os poemas desconcertantes de Bruna Beber (As pítias e outros).

Divirta-se e boa leitura,
André Petry
Diretor de redação