“Um fio de contas de Ogum que ganhei para proteger meu carro, em 2000, me fez pensar sobre sua exclusão da história da arte no Brasil. Sem dúvida, esse silêncio historiográfico deriva da desvalorização de tudo referente à África, da persistência do racismo e de outros efeitos da escravidão no país. Embora eu tenha perdido aquelas contas em um assalto sete anos depois, elas continuam iluminando o fio de minha pesquisa sobre as artes nos fluxos entre África e Brasil.”

“Além das contas na capa – presentes desde a primeira exposição, Identidade por um fio (2002), e o livro Arte afro-brasileira –, ressurgem alguns artistas, críticos e temas: Jorge dos Anjos, Carl Einstein e a historiografia da arte, Oswaldo Goeld (aqui, pensado individualmente e em paralelo a Pedro Figari ), Rubem Valentim, a arquitetura (antes, o terreiro e as construções tectônico-sociais dos agudás, agora, o diálogo entre ambientes e representações de quilombos, bem como os espaços da escravidão e da luta pela liberdade).”