Com este Pensar a incomunicação, Dominique Wolton completa a sua trilogia sobre a questão comunicacional nestes tempos de aceleração tecnológica. Antes, ele publicou Informar não é comunicar e Comunicar é negociar. A base do pensamento de Wolton é a inexistência de qualquer garantia de um futuro satisfatório. Sem leis históricas nem utopias revolucionárias disponíveis, resta buscar obsessivamente a intercompreensão para que seja assegurado o funcionamento da democracia. O sociólogo francês trabalha com três conceitos para analisar o universo das interações sociais: acomunicação (ausência total de comunicação), incomunicação (dificuldade de comunicação) e comunicação. O que se busca? Comunicar. Qual o risco? A acomunicação.
O que é para ele a incomunicação? A oportunidade de tentar comunicar. Se há dificuldade, deve-se tentar superá-la. Como? Apostando na única saída possível: o diálogo. E se não houver disposição para dialogar? Caminha-se para o fechamento, o caos e o colapso social. O que isso impõe? A necessidade de tentar de novo. Comunicar é sempre negociar: ceder, conceder, trocar, argumentar, seduzir. A acomunicação ronda o mundo das tecnologias de comunicação. A incomunicação é uma realidade. Enquanto ela existe, como dificuldade admitida, há esperança de superação e de entendimento. Buscar o diálogo não depende apenas da boa vontade dos interlocutores, mas principalmente da constatação de que fora disso não há saída.
Negociar para viver bem. A democracia para Dominique Wolton não é uma astúcia do sistema nem uma falsificação promovida pela sociedade de classes. Trata-se do fundamento do laço social. Pensar a incomunicação significa lutar contra a acomunicação, espectro que percorre o mundo contemporâneo.