Há na tênue linha que separa a filosofia da poesia um elemento que se distingue por ser filosófico e poético: o aforismo. Resumindo a criação incontrolável, tendo na própria existência a condensação e a mais fina idéia, o aforismo pode resumir um saber profundo em poucas palavras em "um ponto alto de pensamento". A importância do aforismo não está em seu caráter imediato, como diriam muitos, mas antes sua serenidade na produção de profundas intuições filosóficas.

É na criação de aforismos que se dedica Adolfo Montejo Navas nesse seu Pedras Pensadas. Distante da academia, o poeta sente-se à vontade entre a filosofia dos professores e as regras da poética, criando uma rede de frases soltas, "entremeados de rasgos de humor, belos, secos e misteriosos" [Antonio Caieiro].
A edição bilíngüe com duas cores vem coroar a criação aforística de Montejo Navas e suas mais de duas décadas de produção poética e filosófica.

"[Os aforismos de Montejo Navas] São quedas irremissíveis. São algo monolítico. Carecem de música, de ritmo, de cor. São como exclamações, não reticências. Não requerem vírgula. [...] O autor não pode rotulá-las melhor, porque são incisões escondidas no sulco de uma pedra ou numa fresta metálica." (CRISTÓVÃO SERRA, do Prólogo à edição espanhola)