Dante Milano (1899-1991) foi poeta, tradutor e ensaísta prestigiado na juventude. Avesso à publicidade e perfeccionista, seu primeiro livro foi publicado à sua revelia em 1948, sendo muito aclamado pela crítica. Com grande intervalo de tempo entre elas, teve duas reedições, cada qual acrescida de novos textos. Em 1979 foi publicado um volume de suas obras completas, e postumamente, em 2004, uma edição de sua obra reunida. Elogiado pela crítica e pelo amigo Manuel Bandeira, reconhecido por Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto e premiado pela Academia Brasileira de Letras, Dante Milano viveu o contexto cultural de efervescência modernista, mas não assumiu o experimentalismo do movimento, encontrando soluções estéticas pessoais. Permaneceu, porém, desconhecido do público e foi esquecido pelos meios acadêmicos.
Pedra e Sonho resgata o estilo próprio e a singularidade de Dante Milano. Ao analisar, interpretar e refletir sobre os traços específicos que compõem o ethos do enunciador – isto é, do sujeito lírico – em sua obra, acabam-se por revelar o modo de ser, de conceber o mundo e de ver a si mesmo desse poeta. Esclarecem-se no percurso as imagens escolhidas pelo autor Luiz Camilo Lafalce para sintetizar as características dialéticas e polares dessa poesia: a pedra e o sonho para significarem, respectivamente, o peso e a dureza do sujeito lírico, a evanescência.