Utilizamos cookies para melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossa política de privacidade. Política de Privacidade..
“Quem mensurou o nosso tempo?” é uma das perguntas de Páscoa de neve, livro em que Enrico Testa consagra seu percurso poético e se afirma como uma das grandes vozes da poesia italiana contemporânea. Um verso seco, de sabor doce-amargo. Um pessimismo quase necessário para a busca de outros caminhos, que poderia aproximá-lo de Eugenio Montale e Giorgio Caproni. O jogo da existência e o da linguagem tramam e embaralham flashes cotidianos, lembranças recentes e remotas, coletivas e pessoais. Uma escritura que atrai o leitor e propõe uma partilha de sensações, temores, afetos e alívios. Um “eu”, o de Testa, que só se faz ver por meio de fragmentos e ruínas. Nas palavras de um dos maiores críticos italianos, Alberto Asor-Rosa, está-se diante de “um discurso aberto, aliás, contínuo: contínuo entre um poema e outro, entre um livro e outro, como se dá com uma poesia que renunciou à centralidade do ‘eu’ e que por isso frequenta os múltiplos lugares do existir”.
Vencedor em 2008 dos prêmios Dino Campana, Premio Letterario Val di Comino e Sant’Andrea dello Jonio.
***
O filósofo Oscar del Barco escreveu certa vez que “a poesia seria a ausência da linguagem na linguagem, ou um conjunto de palavras inaudíveis marcando sua diferença entre as palavras da linguagem. O homem está ali em seu não-estar, em seu não-ser, saído de si”. Tal ambivalência surge do movimento do próprio poema, e este realiza desvios capazes de deslocar o que permanecia estável, e sua leitura acaba por contornar uma espécie de vazio, criando o lugar da diferença, do outro. A poesia de Enrico Testa parece confrontar esse desastre da linguagem, e o leitor passa a ser refém desse desastre (numa sorte de lógica de hospitalidade, na qual cordialidade e hostilidade se atuam): “inscreveis-me também no registro do desastre”. Ou ainda, é um chamado dos e aos “restos de sacrifícios imemoráveis” para uma espécie de festa mitológica (mesmo que em sua impossibilidade). No lugar da diferença se abissa a ilusão da pretensão de captura de uma essência, de uma origem: “deambular apagando/a cada passo o princípio”. Nesse sentido, a poesia de Enrico Testa nos lança uma das tarefas mais difíceis de nosso tempo: sentir com, tornando-nos “companheiros sensitivos”, mesmo sabendo que todos os “abrigos [são] precários”, quando “estamos prontos para brincar de amarelinha do estrago”. E nessa aporia, como bem argumenta Patricia Peterle, em seu posfácio, se faz presente “um partilhar de vozes em que cada uma possui a sua expressão singular, assinaturas ou indícios, ao mesmo tempo em que já anuncia uma terceira, a voz do outro”. Em Páscoa de neve, Testa cria seus mundos e as ausências desses mundos, abrindo no corpo do poema a falha, a fissura que reenvia ao seu fora, e esse é seu movimento: tenta falar tais mundos, mesmo quando estes lhe escapam, com “o rastro mineral do olho”.
Nome
PASCOA DE NEVE
CodBarra
9788567569192
Segmento
Literatura e Ficção
Encadernação
Brochura
Idioma
Português, Italiano
Data Lançamento
Páginas
270
Peso
240,00
Configurações de Cookies
Este site utiliza cookies para melhorar a sua experiência. Você pode escolher quais cookies deseja ativar.
Esses cookies são essenciais para o funcionamento do site e não podem ser desativados.
Esses cookies ajudam a melhorar o desempenho do site.
Esses cookies permitem que o site memorize suas preferências.
Esses cookies são usados para personalizar anúncios.