A vida se faz, se refaz e se desfaz entre narrativas de encontros e perdas. Se assim não ocorresse, nem sequer existiríamos ou daríamos alguma fagulha de sentido, ao qual chamamos de vida. Não por menos, nesse abrir das gavetas, somos como fios que se ligam por meio de partículas, de lágrimas, de buscas e não há como nos afastar de tal destino. Quer queiramos, quer não, no desdobrar das vinte e quatro horas, não somos partes que se ligam, se interligam e se desligam ou não? De certo, os enredos do que verdadeiramente somos, faces de caos, de calamidades e de convulsões? Enfim, palavras e pedaços se propõem a ser um retorno a ser mais desobrigado, desocupado, deselegante, incorreto, indecente e, grosso modo, a dialogar e interdialogar com as fantasias do livre, do libertário, do nada, do silêncio, da solidão e da transcendência, aqui, como o fluir e confluir do que nós somos, com nossos desconhecidos, com nossas ou nossos amantes nas gavetas, com nossos mitos, deuses, demônios, heróis e nossas verdades sobre a mesa do inconsciente. Eis, aqui, um chamado para sermos inquietos, incertos e instáveis, sem aquelas intenções ou intencionalidades, tão sutis e traiçoeiras, para nos envolver em dogmas, em doutrinas, em revelações, em descobertas, até porque a poesia é desvairada, é um eu incerto, é uma despoesia, é parida em cortes, é filha de lúcifer entre outras nominações, contidas nesse pergaminho de sina poética.