O início do século XVII, a isolada abadia de Sainte Marie-de-la-Mer, o clima de incertezas políticas com a morte do rei Henrique IV e o fantasma da Inquisição - estes são os elementos utilizados por Joanne Harris para contar a fascinante história de Juliette, que vive no convento com sua filha Fleur, de cinco anos. Nascida em uma família cigana, Juliette ganhava a vida como acrobata e dançarina, até que encontrou Guy Le Merle, que a tirou da rua e deu-lhe emprego em sua trupe de atores-dançarinos. Durante alguns anos, o grupo conheceu razoável sucesso popular, enquanto Juliette empalidecia a platéia com suas audácias sobre a corda, equilibrista perfeita, conhecida como l’Ailée, a Alada, a Dançarina do Céu, a Harpia Voadora. Mais tarde, porém, grávida, cansada da vida itinerante e sentindo-se traída por Le Merle, Juliette busca refúgio na abadia de Sainte Marie-de-la-Mer, onde foi carinhosamente recebida pela abadessa Mére Marie, um camponesa bondosa de 73 anos que fez o seu parto e proporcionou-lhe o lar que nunca teve, com seu jardim, seus livros, suas amigas e sua filha Fleur, por quem Juliette aceitou usar a cruz vermelha das bernardinas e ser chamada de Soeur Auguste. Todavia, a morte súbita de Mére Marie mudou de forma radical a história daquele convento, quando uma nova abadessa de apenas 11 anos de idade, descendente de uma família poderosa e corrupta, passa a introduzir reformas radicais nos hábitos da abadia, orientada por seu confessor. Na figura deste mestre e guia espiritual da menina, Juliette descobre a pessoa de Le Merle, que manipulava um plano de vingança, obsessivamente perseguido, às custas de confusão, histeria e caos instalados no claustro.