Com apresentação de Ivan Marques, Opus 10 - título redondo que sugere comemoração e balanço de sua produção literária –, com apenas 21 poemas, impressiona pela variedade, pela densidade e por conter algumas das realizações mais brilhantes da trajetória do poeta de Pasárgada. Publicado pela primeira vez em 1952, pelas Edições Hipocampo de Thiago de Mello e Geir Campos, que congregaram os nossos melhores poetas em tiragens especiais, este foi o décimo volume da lírica bandeiriana.

A escolha do título Opus 10 teria alguma relação com o famoso Opus 9, de Schumann, uma das músicas preferidas de Bandeira e que serviu de inspiração ao livro de 1919, marco inaugural do nosso modernismo? Em ambas as coletâneas, exprime-se, por meio das brincadeiras, da diversão e da alegria, ao mesmo tempo tristeza, do poeta, um forte desejo de libertação.

O próprio Bandeira se classificou, em Itinerário de Pasárgada, como um poeta de circunstâncias e desabafos, e é dessa relação com as circunstâncias que se originam os poemas dessa obra. É o que se pode ver, por exemplo, em “Lua nova”, no qual o poeta comenta a vista que lhe proporciona o seu novo apartamento na avenida Beira-Mar:

Meu novo quarto
Virado para o nascente:
Meu quarto, de novo a cavaleiro da entrada da barra.

Depois de dez anos de pátio
Volto a tomar conhecimento da aurora.
Volto a banhar meus olhos no mênstruo incruento
[das madrugadas.
[...]
(Trecho de Lua nova)

Essa edição, coordenada por André Seffrin, traz um caderno iconográfico com diversas fotos de Manuel Bandeira, mostrando um pouco da intimidade do poeta, na janela de seu quarto, e a capa da primeira edição do livro, publicada em 1952, em tiragem limitada de 116 exemplares.