Pedindo licença a Marcel Proust, para não poucos o maior escritor de todos os tempos, o Pelé da literatura, para mim o autor do mais longo e mais importante romance de toda a literatura, inspiração deste meu livro, o quinto, e, agora sim, o último, posto que a eternidade enfim se aproxima e os dias vão, céleres, à procura do derradeiro momento, talvez sem a cerveja gelada de Proust ou a champagne de Tchékhov, vida que resvala, ainda que suavemente, na amplidão dos sonhos não realizados, mas vida vivida na realidade crua de todos os instantes, apresento alguns poemas, pois Proust desfilou arte poética em seu notável Em Busca do Tempo Perdido, que ousam tocar levemente na temática do grande escritor francês, guardadas as devidas proporções, o Tempo, a Memória, o pretérito da infância longínqua e tão presente, acrescidos de outros poemas em que o amor e o lirismo se inserem nas lembranças vividas, proporcionando as passagens que o passado guardou para que um dia viessem à superfície pelas memórias, voluntárias no apego de nossa inteligência, involuntárias no acaso que o presente delineia, momentos que cada um de nós, eu e você que me lê, e que me lerá nos poemas que o livro mostra, vivemos, sentimos, choramos, sorrimos, e aqui chegamos neste 2021 dos 150 anos do nascimento de Marcel Proust, 2021 que não será tão facilmente esquecido pela ebulição sanitária que nos visitou, mas que a literatura – e toda a arte (esta que Proust escreveu que era a razão da verdadeira vida, a única talvez) – nos proporciona e nos mostra razões para viver.