Nem sempre é fácil distinguir entre o suicídio em geral, e o ocorrido no ambiente de trabalho ou em razão dele. Além de todo sofrimento causado com o desfecho suicida e seus diversos impactos, seja de ordem econômica ou social, seja de outa ordem, tanto na vida dos familiares, quanto na vida da comunidade, quando se trata de suicídio no trabalho ou em razão dele, há fator agravante: a possibilidade de responsabilização civil, a cargo do empregador, quando caracterizado acidente do trabalho.

A resposta a essa indagação e a questões correlatas é enfrentada por Patrícia Araújo, no livro que acaba de lançar: “O Suicídio no Trabalho: Acidente ou fato provocado?'

Para enfrentar questão tão crucial, Patrícia elaborou estudo minucioso, iniciando pelo papel social do trabalho, à luz do direito fundamental à dignidade humana no trabalho. Com essa base teórica e principiológica, a autora passa a examinar temas que tangenciam sua tese: agressividade do meio ambiente de trabalho, com destaque para o assédio moral e organizacional, para em seguida se debruçar sobre as consequências de ambiente agressivo, como estresse e o próprio suicídio.

A tese foi defendida antes da pandemia, quando excesso de jornada, uso intensivo de tecnologia e eventuais relacionamentos no trabalho desprovidos de vínculos pessoais já eram apontados pela autora como fatores de risco. Com a pandemia, essa situação agravou-se, não só em razão de medidas sanitárias de isolamento, como da dificuldade de evitar promiscuidades, segregando vida privada da vida profissional do empregado.

Nelson Mannrich