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’Stamos em pleno século 21 e, mesmo com todo o progresso e os avanços sociais, os reflexos de anos de segregação racial e trabalho escravo se fazem notar. ’Stamos em pleno sistema democrático e o racismo persiste como realidade. Os anos não conseguiram extirpar as raízes de séculos de exploração. As desigualdades são diárias, as humilhações são chagas recorrentes. ’Stamos em pleno ano de 2012, passados 124 anos da lei assinada pela Princesa Isabel pondo fim à escravidão no Brasil, e a cor da pele ainda é fator relevante em questões como educação, trabalho, habitação e concentração de riquezas.
Ao longo da história, sempre há homens a frente do seu tempo, dispostos a lutar e levantar sua voz contra as mazelas da sociedade. Assim foi o baiano Antônio Frederico de Castro Alves. Em 1868, quase vinte anos após a promulgação da Lei Eusébio de Queirós (de 1850), que proibia o tráfico de escravos, o poeta baiano escreveu e declamou um dos mais belos e pungentes poemas da literatura brasileira, “O Navio Negreiro”, um libelo em versos contra a escravidão, contra a cruel, desumana e aviltante mercantilização dos negros vindos da África, e que ganha agora uma edição de rara beleza pela Escrita Fina Edições — com apresentação do escritor e compositor Nei Lopes, grande estudioso da cultura africana, e ilustrações de extrema sensibilidade do artista plástico André Côrtes.
Embora alvo de críticas à época, por denunciar o tráfico então proibido há cerca de duas décadas, “O Navio Negreiro” não flertava com o anacronismo, afinal, de acordo com o poeta, historiador e africanólogo Alberto da Costa e Silva, o comércio interno de negros subsistia através de navios de cabotagem em nosso litoral. Além disso, a distância da Lei Eusébio de Queirós não era o suficiente — e ainda não o é até os dias atuais — para apagar os maus tratos, a miséria, provações, privações, mortes e toda sorte de sofrimento que o poema de Castro Alves retrata sobre uma das páginas mais tristes da história do Brasil, o maior país escravagista das Américas e o último a abolir a escravidão.
O poeta baiano filiava-se à terceira geração do romantismo, denominada “condoreirismo”, marcada pelo denuncismo do injusto status quo e pelo acentuado compromisso social. Nome mais importante da poesia condoreira no Brasil, Castro Alves foi nosso maior poeta social. E foi através de sua lírica indignada e vigorosa, em poemas abolicionistas, como “O Navio Negreiro” e “Vozes d’África” (este último já publicado em livro pela Escrita Fina Edições), que lhe consagraram como “Poeta dos Escravos”.
De métrica variada, “O Navio Negreiro” foi construído em seis partes. Na primeira, o eu-lírico descreve a placidez do ambiente natural (o mar, o céu, o vento) e contempla o navio, visto por fora. No segundo e no terceiro movimentos, detalha a embarcação, os tripulantes e suas diferentes origens, e lança o primeiro foco sobre o pesadelo real e angustiante do tráfico negreiro — e da consequente escravidão.
Na quarta parte, descreve os passageiros, todos os horrores e castigos do navio e da viagem em condições deploráveis. Em seguida, no quinto tomo, invoca a natureza para que destrua o navio que singra o mar enquanto sangra a dignidade, a humanidade, a vida. E, por fim, no sexto e último movimento, no açoite crítico de seus versos, denuncia não só a conivência como também a coparticipação do Brasil nesse comércio desumano de negros para trabalho escravo. Além disso, clama aos heróis do Novo Mundo — como Cristóvão Colombo — para que deem fim a esta covarde exploração.
Originalmente inserido na obra Os Escravos, publicada anos depois da morte de Castro Alves, “O Navio Negreiro” é um clássico que sobrevive ao tempo e que nos leva a refletir sobre a formação desta grande — e desigual nação — que é o Brasil.
Nome
O NAVIO NEGREIRO
CodBarra
9788563877475
Segmento
Literatura e Ficção
Encadernação
Brochura
Idioma
Português
Data Lançamento
Páginas
48
Peso
96,00
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