Mais de meio século depois da sua sobrevivência do Holocausto, Rolande revisita a história de sua família fugindo do nazifascismo na Europa. As migrações forçadas, separações e perdas; o reencontro no pós Segunda Guerra Mundial; as dificuldades de adaptação de seus parentes até se integrarem nos países em que foram acolhidos; e, finalmente, seus reencontros depois de muitos anos, são descritos via primorosa rememoração de uma menina prodígio, e também via depoimentos colhidos nos últimos anos, quando Rolande os visitou nos diversos países onde reconstruíram suas vidas.

O estabelecimento no Brasil, para onde emigrou com seus pais e irmã, é narrado por Rolande em suas referências político-culturais, até construir sua família e fincar suas raízes em Niterói, cidade no estado do Rio de Janeiro que encantou seu coração desde o primeiro momento.
O estilo despretensioso da narrativa aliado à fidedignidade dos dados históricos prendem a atenção do leitor de O Moinho que, além de ter sido um campo de refugiados em Villeneuve-de-Rivière, simboliza a vida em movimento e renovação contínua, trazendo, no giro de vento e água, a esperança de dias melhores, de liberdade e de paz.