O jogador é, antes de tudo, um romance sobre a roleta, ou melhor, sobre o impacto destrutivo e, muitas vezes, irreversível a que o jogo de azar, igual a qualquer vício descontrolado, expõe a personalidade humana. Dostoiévski conhecia bem as “suntuosas cidades de roleta situadas ao longo do Reno”, aonde os aventureiros de vários países afluíam, em massa, para tentar a sorte. Entretanto o seu valor estético não se limita à verdade nua e crua, peculiar de uma reportagem sensacionalista, mas, sim, o acirrado conflito de duas paixões arrebatadoras, uma das quais origina e gradualmente atiça a outra. O jogo do amor ou o amor pelo jogo – esse dramático binômio constitui a fonte das peripécias descritas.