Representativo do pensamento científico do início do século XX, O homem, esse desconhecido analisa o ser humano e sua relação com os problemas sociais modernos. Cirurgião de formação, Alexis Carrel desenvolve sua reflexão a partir da Fisiologia, da Medicina e da Biologia. Seu objetivo é a “reconstrução” da raça humana. Para isso, recorre a conceitos científico-filosóficos polêmicos, mas em sintonia com sua época, como a eugenia e o entrelaçamento da ciência popular às doutrinas espirituais.

Em seu trabalho, Carrel parte de um lamento do declínio da civilização industrial. Os avanços nas ciências mecânicas, físicas e químicas, segundo o autor, criaram um ambiente nocivo para o desenvolvimento humano. Ao mesmo tempo, o autor julga que a ciência dos seres vivos evoluiu mais lentamente, defendendo uma medicina que tenha uma visão holística do homem e do meio.

As ideias de Alexis Carrel alcançaram grande sucesso à época da publicação (1935), transformando a obra em um best-seller instantâneo – com mais de 100 mil cópias vendidas em um ano. Seus conceitos, tanto inovadores quanto excêntricos, e a popularidade que obtiveram, reforçam a importância deste livro como um registro histórico de uma mentalidade que influenciou os discursos científico e social do Ocidente por décadas e que reverberam até hoje em questões como a ética na manipulação genética.