Giorgio Agamben é um autor contemporâneo e, também, um autor do contemporâneo. O contemporâneo tornou-se parte da sua filosofia, como categoria, tornando essa mesma filosofia parte imprescindível do pensamento contemporâneo. Entretanto, Agamben ilumina as crises do contemporâneo com as sombras e luzes da genealogia. Nosso presente é uma produção histórica cujos sentidos escapam sutilmente a nossas percepções cotidianas por estarem impregnados de assinaturas ocultas de um passado que, por não captá-lo criticamente, o assimilamos ingenuamente. As assinaturas operam, para Agamben, como signos denotativos de uma ancestralidade histórica; elas se ocultam sob os dispositivos da modernidade numa espécie de invisibilidade conceitual que a racionalidade rasa não consegue captar. Para entender criticamente nossa contemporaneidade, temos que refazer os rastros genealógicos das assinaturas imersas nas verdades e dispositivos produzidos por nosso tempo.