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O Enterro é uma novela gráfica que pode ser classificada como uma comédia romântica existencialista. Nossa heroína, Thaiz, chama o amigo Thomaz, nosso antiherói, para ir a um enterro. O livro começa com ela acordando-o e sugerindo uma aventura para o dia: ir ao enterro de um homem que, depois de uma certa investigação, os dois descobrem chamar-se Antônio. Tudo porque Thaiz teria se “identificado” com o defunto após vê-lo imóvel, já provavelmente sem vida, deitado numa calçada.
Thomaz, apesar de não parecer tão interessado no defunto quanto na amiga, aceita a aventura (pela qual definitivamente espera algo em troca; algo carnal por assim dizer, de natureza viva...). Apoiada na tensão sexual entre os dois personagens criada pelas investidas constantes de Thomaz sobre Thaiz (sem sucesso, apesar de ele, como bom brasileiro, nunca desistir), a história tem um quê de cômico, principalmente nos seus diálogos.
Cheio de situações sui generis, o quadrinho possui também um certo tom existencialista vindo de seu narrador onisciente, que conversa com o leitor assim como conversa com a narrativa, relacionando-se também com os personagens. Tipo de consciência superior, ele começa o livro já falando sobre o Destino, mas, no avançar da história, fala sobre nossa capacidade de escolha (da maneira defendida por Sartre), tentando levar o leitor a fazer escolhas relacionadas com aquilo que mais queremos da vida, falando do preço a se pagar para a obtenção de tal desejo, para, em um terceiro momento, questionar nosso livre-arbítrio e até o Humanismo como um todo.
Nossa heroína pode ser considerada essencialmente niilista, apesar de ser movida pelo que ela acredita ser um ato de virtude: faz uso de atitudes amorais como mentiras para conseguir o que quer. Já nosso anti-herói é basicamente epicurista, movido e motivado pela busca do prazer. Como o Luiz Gê diz no Prefácio (seu “Predifícil”), o livro é sobre “as coisas que um homem é capaz de fazer por uma transa”. Mas no alto de sua arrogância, este autor que voz escreve prefere achar que o livro é sobre a paixão, talvez o amor, tentando dar esse sentido à vida de seus personagens.
Percorrendo as avenidas, ruas e praças de uma São Paulo nada invisível, é possível identificar esquinas, fachadas, teatros, bares e necrópoles que são os cenários realistas da jornada de algumas horas dos personagens. Com grande influência de Robert Crumb e Moebius (apesar da falta de sexo e extraterrestres), a obra tem um caráter underground, de contracultura, cheia de perseguições, com a morte como tema central.
Enquanto isso, as cores subjetivas sugerem que os personagens principais vivem em mundos diferentes. Thaiz, quando sozinha, é retratada em tons de amarelo, enquanto o Thomaz, também sozinho, aparece sempre em tons de azul. Já quando estão juntos, a narrativa ganha um tom esverdeado. Talvez caiba ao leitor, no seu poder intuitivo, identificar o significado dessas cores, como se elas fossem as cores de suas almas (ou de suas auras).
O livro foi desenhado com pincel e nanquim e colorido no computador, seguindo um traço realista e de características clássicas.
Apesar do personagem ser realmente só um personagem com a aparência do autor, muitos perguntam “por que um autor-personagem, se ele nem é famoso?”. A resposta que pode ser dada é a de que, na cabala, o eu remete ao último nível de conhecimento: uma vez que você conhece o mundo exterior, você pode se conhecer... Ou, como diria Frida Kahlo: “Eu me desenho porque sou a coisa que eu mais conheço neste mundo”.
Nome
O ENTERRO
CodBarra
9788563739582
Segmento
Artes
Encadernação
Capa dura
Idioma
Português
Data Lançamento
01/06/2019
Páginas
120
Peso
665,00
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