Este livro é uma leitura invertida de O ser e o nada, partindo da iluminação de uma promessa de ética, para percorrer o interior da obra na procura de uma estrutura mínima que servisse como alicerce teórico de uma moral. Em outros termos, perguntei-me o que haveria na realidade humana que reclamaria uma prescrição moral. Por que, aos olhos de Sartre, uma ética se faria necessária a um ser que se define por uma liberdade radical? Uma liberdade de tal monta deveria, a princípio, indicar a falência de pretensões morais, de qualquer tipo de orientação, e não reivindicar uma compulsão — essa é a palavra adequada — por uma dimensão ética em cada ato humano. À luz deste paradoxo — liberdade que condena, liberdade que orienta — é que o trabalho se desenvolve.