O dossiê Iscariotes marca a estréia do jornalista Marcos Losekann na ficção. Primeiro volume da trilogia Entrevista com Deus, o livro suscita um sempre atual questionamento sobre a fé: a verdadeira ou a “Disneylândia, com atrativos para todos os gostos”.

Por coincidência, Losekann lança seu livro enquanto mora, como correspondente da TV Globo, em Jerusalém – onde as maiores atrocidades se justificam em nome de Deus. O dossiê Iscariotes, entretanto, começou a ser escrito anos antes, quando ainda vivia “peregrinando” pelo Brasil, entre Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus. A experiência como jornalista, aliás, lhe valeu ingredientes que servem de pano de fundo para o romance, como o assassinato de Chico Mendes e a eleição de Collor.

O personagem principal é um jornalista, transferido para Manaus, que se confronta com os “dois lados” da fé. À medida que avança na apuração de uma chacina de presos na penitenciária local, ele monta um intrincado quebra-cabeça, que revela uma sórdida rede de interesses envolvendo pedofilia na Igreja, corrupção no governo e tráfico de drogas.

Mas, ao mesmo tempo em que descobre que a verdadeira influência da Igreja pode estar na sacristia, e não no altar, o jornalista é fatalmente levado a indagar sobre sua própria fé. Até então ateu, passa a ter evidências da existência de Deus, com quem consegue uma entrevista exclusiva. Ou teria sido tudo alucinação?