O dia do búfalo, livro de Matheus Hotz, inicia a coleção Lança-Perfume, das Edições Macondo, que se propõe a produzir e editar o primeiro livro de jovens poetas brasileiros. O livro se apresenta como um documento dos movimentos mínimos daqueles que esperam a caça, disposto em poemas predatórios que se dissipam em palavras para guerrear contra os objetos que se apresentam nessa jornada. Cabe perguntar: não é perigoso demais esse jogo, de colocar-se junto ao outro nos campos de caça? Os discursos e os corpos têm-se tornado cada vez mais polarizados - quando se responde rápido demais as mensagens: presa, quando se demora: predador, quando se espera: presa, quando se demora: predador. O búfalo se coloca como um pensamento de entre lugar, um corpo que não se vê confortável em jogar por opostos, o seu dia é nada mais do que a realização de que nunca se tratou do alcance do bote, mas sim do alcance da fome.