Estamos entre artista e expectador para argumentar que os motivos psicanalíticos da criação de uma obra de arte vão além da análise biográfica de quem a criou. Para argumentar que o entrelaçamento da psicanálise com a cultura faz dela um campo inseparável das manifestações artísticas e do espírito da época em que foi fundada. Para relembrar que ser afetado por uma expressão estética se registra no corpo e na sensibilidade. Para imaginar que é no abalo das fronteiras que o estranhamento ganha tonalidade estética a ponto de provar que o impossível se torna possível no registro da arte, assim como do inconsciente. Para promover no leitor o entendimento de que não há escrita sem leitura, nem criação sem recepção, nem eu sem o outro.