A condição niilista da modernidade, para Nietzsche, ajuda-nos a desvelar as crises ético/moral/política da acumulação capitalista neoliberal, da fé na razão e dos abalos na interpretação moral-cristã do mundo. O niilismo passivo e moderno-burguês tem se ajustado para a constituição de sujeitos dóceis e funcionais aos interesses religiosos e da reprodução do capital. Nesse cenário, a etapa de autossuperação moral do indivíduo ou grupo social se mostra incontornável, conforme o filósofo. Ou a humanidade se liberta do niilismo passivo-burguês ou acabará por abolir-se; eis uma importante mensagem de Nietzsche. Há sinais de desconfiança e incertezas por todos os lados, apesar de o homem venerar ídolos de barros e utopias terrestre e celestial. Aristocrática e antidemocrática, a filosofia política de Nietzsche se mostrava aberta ao advento de uma liberdade positiva além do bem e do mal somente para alguns indivíduos, os supra-homens. Assim, a proposta de um niilismo criativo nietzschiano se mostra distópica, nos termos de uma modernidade tecnocientífica e neoliberal que se nos apresenta. Não obstante a defesa da vida plural e da afirmação da diferença, a liberdade positiva e aristocrática em Nietzsche sinaliza para algemas direcionadas aos indivíduos malsucedidos da sociedade moderna.