O benefício secundário deste real que é a pandemia foi a possibilidade de realizar estas conferências transatlânticas pelo Zoom, um dos novos objetos que nos acompanham neste mundo onde “nada será como antes”, como canta o monumental Milton.

O “novo normal” seria uma nova edição da anormalidade que já conhecíamos, da variedade de sintomas singulares na civilização, sintomas os quais questionam a existência universal mesma de toda norma, se não fosse pelo destaque de um traço nessa nova realidade. A saber, uma redução da crença que os seres falantes tinham na Ciência até a irrupção do micrônico SARS-coV-2, em benefício de uma superveniência de um real sem lei nenhuma, seja mesma a científica. Nota-se ainda que um empuxo ainda mais acentuado em direção à pulsão da morte irrompeu nas nossas sociedades altamente tecnificadas, sem poder se recobrir pelo véu que a Ciencia parecia proporcionar até o ano 2020. O Incons­ciente, entre o sonho e o despertar; as famílias;
o ensino; a relação do gover­no central com os governantes; a relação com a Medici­na – tudo se viu modificado.

Ler-se-á, aqui, sobre algumas dessas transformações. Terão elas sido leves e redutíveis?

Fabián Fajnwaks