Metal rosicler. Um título intrigante para um livro de poesia. Publicado pela primeira vez em 1960, e relançado agora pela Global Editora, esta obra de Cecília Meireles reúne 51 poemas breves, sem título (apenas numerados), e um pós-escrito numa linha poética de extrações alquímicas, uma especialíssima alquimia verbal ceciliana de múltipla ordem, refinada abordagem dos aspectos mais tangíveis da vida e também de outros que escapam à nossa limitada percepção acerca do mundo ao redor.

Nesses poemas, Cecília evoca vários elementos, como água, terra, fogo e ar; todos equilibradamente dispostos – por vezes com doçura, por outras com firmeza – para alcançar questões fundamentais que nos movem e explicam como saudades, desejos, sonhos. “A poeta combina percepções sensíveis e demandas do espírito, referências semânticas e impactos materiais de letras e sons, no traçado, rigorosamente fluido, do mundo fantástico da arte”, comenta a professora Marília Rothier Cardoso que assina a apresentação da obra.

O lirismo de Cecília Meireles segue em direção à melancolia e ao sentimento da saudade do tempo que passou. Seus poemas sugerem uma reflexão sobre a fugacidade da vida, a descrição do real e a preocupação com a falta de sentido da existência. Tudo observado e tecido com sua sensibilidade poética. “O impacto de Metal rosicler pode ser tão excitante quanto a descoberta das minas e o processo produtor da prata. A leitura das páginas conjuga imaginação, memória e raciocínio, além de envolver percepções de todos os sentidos. Diante das páginas do livro, a passividade é impossível, acaba-se investindo o corpo inteiro, deixando-se afetar pelo ritmo, que se modifica de um poema para outro”, afirma a professora Marília Rothier Cardoso em seu texto de apresentação.