Um livro que não te engana sobre ser uma mentira, mas pelo menos do tipo de mentira que vale a pena ler: as da ficção. O escritor Alex Castro subverte do início ao fim, até as aspas de recomendação da orelha, a ideia do sentido da verdade em um momento que todo mundo prefere as fakes.

“Este livro é um tsunami, não no sentido destrutivo, mas no da força. Foi a primeira imagem que me veio à cabeça. Este livro é uma revolução. Tem de ser lido, porque traz muito de novo e fertilizará a literatura. Por vezes, tive a sensação de assistir a um novo parto da língua portuguesa.” (José Saramago, certamente não sobre esse livro)

A editora Oficina Raquel lança agora o novo trabalho de Alex Castro. A antologia de contos usa da literatura para fazer ficção. Parece óbvio, mas num momento em que o mercado editorial está mais preocupado em refletir a verdade de cada autor e diferentes estilos de correções morais, a certeza da mentira é aqui um alívio.

“Tudo é mentira neste livro: não só os contos, mas os elogios da contracapa e o texto das orelhas, o prefácio e o posfácio, tudo, enfim. Se esse exemplar na sua mão tiver uma dedicatória escrita por mim, ela também é mentira.” diz Alex Castro.

O lançamento tem ainda um elemento performático: Alex criou dedicatórias apócrifas, exclusivas e únicas. Uma espécie de conto - microconto - extra, imprevisível e manuscrito em cada livro vendido na noite de autógrafos.

Quem procurar vai encontrar a repercussão do livro entre todos ex-BBBs da última edição, resenhas publicadas pelos finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura, lives elogiosas com Caetano e, alguns contos adaptados para novas produções no streaming. Algumas informações deste último parágrafo são mentiras, mas bem que poderiam ser verdades.