Uma obra ao mesmo tempo ousada e sutil, Memórias póstumas de Brás Cubas representa a ruptura com o romantismo e marca o início do realismo na literatura brasileira. É o primeiro livro da chamada ‘trilogia realista’ de Machado de Assis, seguido por Quincas Borba e Dom Casmurro.
Em Memórias póstumas de Brás Cubas o narrador está morto. O livro é instigante e provocativo – é um defunto quem decide narrar a história de sua vida, e a dedicatória da obra é no mínimo inusitada: “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas”.

E que a abertura com toques de zombaria e sarcasmo não leve o leitor a um equívoco: a obra faz uma análise penetrante das características morais e psicológicas do personagem, e retrata o contexto e as convenções sociais de um modo que não é possível deixar de refletir criticamente.
Ao longo de um enredo que flui com facilidade e aparente singeleza, somos levados em uma viagem nada óbvia pelos aspectos mais recônditos da psique humana, sempre com o toque da fina ironia machadiana.