(...) Nos vitrais da Sainte-Chapelle, longos e diáfanos, abre-se toda a história bíblica desde os campos do Éden até os desertos e mares do Apocalipse. A luz do sol recolhe seus tons mais delicados, quase espirituais, para unir o velho homem e o novo, a mulher-mãe que perde e a mulher-mãe que salva. O adorador antigo voltava dos tempos de Cristo, através da Sainte-Chapelle, e era de ver seus campos e cidades, seu comércio, seu gado, suas flores, seus filhos, sua história – como um grande vitral, onde a graça, como o sol, seguia iluminando a seus olhos a dolorosa e triunfante aventura de Cristo. Este pequeno livro de crônicas, escritas entre 1968 e 1970, é mais que um exercício literário. Crônica tem a ver com o tempo – kronon, que para os gregos tanto pode significar o tempo físico, mensurável, como o eterno, sem medida. O tempo destas crônicas se deixa medir pela angústia, vivências de perplexidade, quando a fé pessoal foi pensada e sofrida, num quadro de turbulência espiritual provocada pelo Concílio Vaticano II.