Mar de Cultura: ensaios foi uma edição desenvolvida de forma livre, buscando reunir uma ampla gama de expressões artísticas inspiradas pelo mar. A proposta atrela-se ao movimento internacional “Cultura Oceânica”, que pretende compreender e estudar como preservar e gerir os oceanos de forma sustentável. Temos por base o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 14, “Vida na água”, que se volta à conservação e ao uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos.

Treze artistas/cientistas das mais diversas origens exploram sua relação com o oceano, tendo-o por fonte de inspiração ou como veículo para suas reflexões sobre cotidiano, tempo, clima, antropoceno, sobrevivência e futuro, questionando a forma como lidamos com esse elemento absolutamente crucial para a vida na Terra. Preservação e gestão são consequências desse pensar e questionar.

Mar de cultura:ensaios congrega artistas plásticos, escritores, compositores, artesãos e cientistas e faz uma breve (sim, porque ela é infinita) seleção de sua produção para apresentar imagens e textos que, ao emocionar, abrem os caminhos da percepção do observador.

Textos e QRCodes dão acesso às canções de Julio Mendes, cujas notas melodiosas demonstram a alma caiçara em letras que, delicadamente, abordam questões bastante sérias enfrentadas pela comunidades tradicionais em sua convivência com a expansão urbana e imobiliária. Já a fotografia de Sugimoto, explorada pela curadora de fotografia Marcia Mello e por Ricardo Melo, caminha por outra vereda, a da contemplação e do minimalismo, transportando o leitor, com mínimos elementos, para um oceano etéreo, onipresente, profundamente espiritual. A ciência marca presença com a união de tecnologia e arte, permitindo experiências imersivas que destacam o papel do oceano na permanência da vida no planeta. A arte naif, como criação primordial, reflete a vivência daqueles que tem o mar por casa, por princípio e fim, assim como as quilombolas de São Lourenço e os ceramistas de Cabo de Santo Agostinho, que vivem e tiram seu sustento das águas mornas de Pernambuco. Instalações como “Desenhos na areia”, de Joseph Beuys e “Maré Mobília”, de Nuno Ramos, são analisadas pelo pintor Gonçalo Ivo, que chama nossa atenção para o efêmero da nossa existência.

Tudo isso e muito mais está no presente livro, que compõe a Coleção Década do Oceano, desenvolvida em parceria com a Cátedra Unesco do Instituto Oceanográfico da USP. Nossa proposta é aproximar a sociedade de múltiplos aspectos relacionados ao oceano, cuja apreciação era um privilégio até então reservado aos especialistas. Agora, esse espetáculo terá sua audiência ampliada.