Autor de um livro importante sobre a formação da imprensa no Brasil, publicado por esta mesma casa – A Revista no Brasil do Século XIX: a história da formação das publicações, do leitor e da identidade do brasileiro –, Carlos Costa debruça-se agora sobre a vida e a obra de Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879), um dos nossos principais artistas do período romântico. É muito oportuno o presente livro, que vem se juntar a um conjunto de trabalhos recentes que, aos poucos, vêm resgatando do esquecimento o mais eclético artista brasileiro do século XIX. Eis como ele é apresentado: “escritor, professor, historiador, poeta, dramaturgo, caricaturista, desenhista, pintor de paisagens e de cenas históricas, arquiteto, decorador, cenógrafo, político e diplomata do Brasil Imperial”.

Embora Carlos Costa afirme que seu objetivo foi o de apresentar um perfil crítico e biográfico de Araújo Porto-Alegre, a verdade é que ele nos oferece um retrato de corpo inteiro desse artista de múltiplos talentos. Todas as atividades exercidas por ele foram investigadas, descritas e analisadas pelo autor deste livro, que dialoga com a melhor fortuna crítica de Araújo Porto-Alegre, sem dispensar as fontes primárias que sua pesquisa localizou em jornais e revistas do século XIX. O resultado é uma obra que alarga o nosso conhecimento da cena cultural brasileira dos tempos românticos. Carlos Costa concilia com felicidade informações sobre a trajetória do artista – seja na Europa, seja no Brasil – e reflexões críticas sobre as obras de arte que nos legou.

João Roberto Faria
Professor do Departamento de Letras
Clássicas e Vernáculas da FFLCH da Universidade de São Paulo