Literatura e jornalismo são almas gêmeas, porém distintas no tempo e na intensidade. Carlos Heitor Cony comparava o jornalista a um peixinho de aquário, sempre em exposição, enquanto o escritor é um peixe que mergulha em águas profundas revolvendo o que está bem longe da superfície do dia a dia.
Benicio, jornalista consagrado, ousa neste livro se aventurar neste mergulho profundo, ofertando histórias marcadas por reflexões e sentimentos de grande densidade. São contos precisos, fundindo com maestria personagens reais e fictícios, bordando cenários marcados por fortes tensões emocionais.
Em Mal rompe a manhã nos leva a um passeio indiscreto, desnudando personagens que dormem enquanto são observadas pelos olhos afetuosos do protagonista. As tensões noturnas só se esvaem com os primeiros “fiapos de aurora”, como diz o autor.
Enfim, é uma leitura prazerosa, onde o autor mergulha em seus mais íntimos sentimentos, nos tornando cúmplices e admiradores desta sua última viagem.