O que ainda dizer sobre Machado de Assis a esta altura dos acontecimentos? Depois de mais de século e meio de escrutínio da vida e da obra, o que ainda restaria descobrir e valeria publicar?

Essa inquietação, que já há várias décadas acompanha os estudos machadianos, motivou a organização deste livro, que reúne grandes estudiosas e estudiosos de várias gerações. Sem negligenciar os grandes romances e contos, vários ensaios fazem uma saudável incursão aos anos de formação do escritor, anteriores à publicação dos livros que o consagraram postumamente.

Acompanhamos o jovem crítico de teatro, comediógrafo, cronista, poeta, formando seu repertório em diálogo intenso com seus pares e afiando os instrumentos que lhe permitiriam chegar à perfeição.

Aprendemos sobre a atuação do escritor como dublê de editor e publisher de si mesmo e sobre a difusão de seus romances em inglês. Em tempos de pandemia e morte, auscultamos o que seus escritos dizem sobre sintomas, doenças e delírios.

Com conhecimento sobre o tempo de Machado, e sensibilidade para as questões do nosso tempo, os ensaios mostram como a obra do escritor permite refletir sobre as obscenas desigualdades de classe, raça e gênero que marcam a história da humanidade, e a do Brasil de modo muito particular.

Hélio de Seixas Guimarães

Sobre os organizadores:

Lúcia Granja é professora de Literatura Brasileira na UNICAMP e estudiosa da obra de Machado de Assis. É Livre-Docente em Literatura Brasileira pela UNESP e pela UNICAMP.

Juracy Assmann Saraiva é doutora em Letras (PUC-RS) e pós-doutora em Teoria Literária (UNICAMP). É professora em cursos de graduação e de pós-graduação da Universidade Feevale e bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíco e Tecnológico (CNPq).

Regina Zilberman é doutora pela Universidade de Heidelberg, com pós-doutorado no University College (Inglaterra) e na Brown University (EUA), é professora associada do Instituto de Letras, na UFRGS.