Sei muito bem que ninguém terá prazer ao ler tantas linhas sobre alguém tão ruim, e espero que aqueles que venham a ler este relato se aborreçam ao ver uma alma tão teimosa e ingrata para com Aquele que tantas graças lhe tem concedido. E quisera ter licença para dizer as muitas vezes que faltei a Deus, por não estar escorada nessa forte coluna da oração.
Minha vida era uma das mais penosas que se pode imaginar, porque nem se deleitava com Deus, nem achava contentamento no mundo.

O motivo de me ter demorado tanto nesse relato é, como já disse, para que se veja a misericórdia de Deus e a minha ingratidão. Outro motivo é para que se entenda o grande
bem que faz Deus a uma alma que ele predispõe à prática da oração, ainda que, para isso, ela possa não estar ainda tão predisposta quanto seria preciso. E como, se nela persevera, passando por todos os pecados, tentações e quedas que o demônio lhe interpõe de mil maneiras, estou certa de que no fim o Senhor a leva a um porto de salvação, pois assim — ao que me parece — ele procedeu comigo.