A obra foi concebida como um itinerário preciso para conhecer o que é essa porta de entrada para o letramento, para o alumbramento no mundo da leitura e escrita. Com texto primoroso, esmiúça esse indivíduo que, até pouco tempo não era levado em consideração, a criança, até a elaboração de projetos com oficinas leitoras e de escrita. Um trabalho de fôlego. Caminhando pelas veredas da pesquisa, Goh apresenta a história da infância – e aí destaca o fato de não só as crianças serem invisíveis, mas também as mulheres –, seus subsolos, muitos dos quais vivenciados até hoje, e o quase abandono que a situação de pobreza muitas vezes a coloca, quando não a mata.

Sustenta sua tese com uma breve análise do desenvolvimento infantil e as ideias de Paulo Freire. Mas o que encanta, o determinante nessa obra admirável, é quando adentra na busca da significação do que é essa tal de literatura infantojuvenil. Qual o seu propósito? A quem serve? Por que é importante sonhar, fantasiar, criar mundos para além da realidade. Para tudo que explana, cita exemplos, referenda autores, histórias, poemas, que tornam a leitura leve e eficaz.



Mara Magaña