Mais uma vez Angélica Soares publica um livro sobre a Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo, centro temático de sua tese de doutorado, defendida na UFRJ, em 1983.

Sob a égide do pragmatismo de nosso turbulento momento histórico, talvez pareça fora de propósito um estudo ligado ao romantismo oitocentista, devido às inevitáveis sugestões de algo como amores impossíveis ou sonhos de adolescente. Ao contrário, o movimento literário romântico, por suas características libertárias e de recusa às regras e aos modelos, tem tudo a ver com as atuais tendências emancipatórias, além de ambos os momentos serem marcados pelo paradoxo e pela incerteza.

Este livro, ao introduzir os leitores no conhecimento de um dos nossos maiores poetas, é de interesse para vestibulandos e estudantes da graduação dos cursos de Letras.

A autora divide seu estudo em capítulos didaticamente distribuídos a fim de guiar o leitor por caminho seguro para uma apreensão estética mais completa.

Primeiramente, percorre-se o contexto histórico e social no qual se insere a poética em foco. No segundo capítulo, algumas pontuações biográficas estabelecem a relação entre a vida e a obra do poeta, antecipando a terceira parte, onde se discute a extraordinária recepção da edição póstuma da Lira. O quarto capítulo trata de algumas categorias teórico-literárias, como eu lírico, métrica, variedade formal etc, que se entrelaçam com os aspectos temáticos do capítulo seguinte, isto é, amor, sonho, natureza, morte, religião. O sublime e o grotesco são estudados na conclusão. O sétimo capítulo se reporta a textos críticos mais ou menos contemporâneos à publicação da Lira, seguindo-se o oportuno glossário, a bibliografia comentada e a antologia, com seleção de poemas representativos. Estes Diálogos possíveis tornam-se diálogos necessários para melhor captação da obra azevediana.

(Helena Parente Cunha)